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Bolsa opera em volatilidade em dia de mercados mundiais mais pessimistas quanto à economia; Vale cai com risco maior da covid-19 na China
Em dia de mercados globais mais pessimistas quanto à economia global, a Bolsa brasileira, que na sessão de ontem se descolou dos índices mundiais, iniciou esta quinta-feira em volatilidade.
Os dados da inflação anunciados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) fazem preço hoje nos papeis locais. A inflação teve alta de 1,06% em abril, após ter alcançado 1,62% em março. Esse foi o maior resultado para o mês de abril desde 1996 (1,26%).
No ano, o indicador acumula alta de 4,29% e, nos últimos 12 meses, de 12,13%, acima dos 11,30% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2021, a variação havia sido de 0,31%.
O índice, que iniciou o dia em queda de quase 1%, no entando, por volta das 14h20 subia 0,47%, a 104.883 pontos.
A Vale, que ontem sustentou a alta do Ibovespa, opera em queda forte nesta manhã. A mineradora cai 1,86%, assim como siderúrgicas que recuam nesta sessão. A CSN cai 5,53% e a Usiminas, 1,64% e estão entre as maiores baixas do índice até agora.
Os bancos, por sua vez, seguem em alta nesta sessão, o que pode explicar a virada do Ibovespa. Itaú sobe 1,82%, Bradesco evolui 0,90% e Banco do Brasil avança 1,98%. Esses são papéis que pesam no Ibovespa.
Para Rafael Foscarini, da Belo Investment Reserach, esta oscilação no Ibovespa também pode ser explicada pelos investidores mais atentos às oportunidades na bolsa, mas ainda não há mudanças expressivas no cenário macroeconômico.
Segundo ele, um fator importante a ser considerado para o desempenho da bolsa é a covid-19 na China, que puxa as ações ligadas às commodities para baixo. Segundo ele, Xangai, que tinha apresentado dois dias sem transmissão comunitária, no terceiro dia identificou pessoas contaminadas. Eram necessários três dias seguidos para sair do lockdown. “No terceiro dia apareceram dois casos e voltaram a estaca zero”.
Foscarini ressaltou, também, a inflação, tanto aqui quanto nos Estados Unidos, vieram acima do esperado. Segundo ele, o IPCA subiu 1,06, com consenso em 1,01 em abril. Alimentos pressionaram o preço e combustível também.
“78% dos produtos e serviços subiram de preço, o que mostra que a inflação está bem espalhada nos setores da economia”, disse Foscarini. “Então, mais do que o número acima da previsão do mercado, o mais importante foi a leitura de que a inflação veio disseminada.”
Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, afirmou que essa extensão do sentimento de aversão ao risco, com a inflação persistente em várias economias e a tendência de subida de juros no mundo inteiro, tem pesado no Ibovespa nesta sessão.
Segundo ele, os investidores estão repercutindo “um pouco” o dado do IPCA, que veio acima do previsto pelo mercado. “Essa dinâmica está cada vez mais difícil, pois, mostra que o aperto monetário, que dura de 12 a 13 meses, não vem surtindo o efeito esperado. O mercado está mais receoso.”